Nesse artigo nós vamos explicar de maneira detalhada o que é a ejaculação precoce, o que causa e como tratar essa disfunção que atrapalha a vida sexual de milhares de homens espalhados pelo Brasil e pelo mundo afora.
Para uma melhor compreensão da ejaculação precoce como disfunção sexual, é fundamental o entendimento básico de como os órgãos sexuais masculinos funcionam.
Por isso, a primeira parte desse artigo mostra, de maneira resumida, mas clara, como o sistema genital masculino é composto e qual a função de cada órgão.
Indice |
|
ÓRGÃOS SEXUAIS NO HOMEM
No homem, o sistema genital é formado pelo pênis, escroto, testículos, epidídimo, canal deferente, uretra, próstata, vesículas seminais e glândula bulbouretral (glândula de Cowper).
Pênis
É um órgão que faz parte do sistema genital masculino e que apresenta função essencial na reprodução humana, mas que também está relacionado com a eliminação da urina, uma vez que a uretra passa pelo interior do órgão.
O pênis é constituído de três partes: raiz – corpo – glande
Raiz (ou base) – A raiz representa a parte fixa do pênis. Está ligada à estrutura abdominal inferior e aos ossos pélvicos compreendendo o ramo e o bulbo do pênis.
Corpo – Representa a parte livre, pendente e recoberta de pele.
Glande – Na glande (ou extremidade do pênis) observamos:
- o orifício da uretra;
- o prepúcio – Uma dupla camada de pele que recobre a glande. Nos homens não circuncidados, o prepúcio estende-se desde a corona e cobre a glande peniana;
- o frênulo do prepúcio – É uma prega que liga o prepúcio à glande para limitar movimentos.
A base da glande peniana é denominada corôa ou corona.
Partes do Pênis – Portal Disfunção Sexual
O pênis contém três espaços cilíndricos de tecido erétil e uma uretra. Esses espaços cilíndricos são essencialmente:
- dois corpos cavernosos – São maiores e localizam-se lado a lado;
- um corpo esponjoso – Envolve a maior parte da uretra. A porção terminal do corpo esponjoso se expande e forma a glande do pênis.
O tecido erétil presente no pênis recebe essa denominação devido à capacidade de se encher de sangue e tornar a estrutura mais rígida no momento da ereção. Quando esses espaços se enchem de sangue, o pênis aumenta de tamanho e fica rígido (ereto).
Estrutura Interna do Pênis – Portal Disfunção Sexual
Escroto
Também conhecido como saco escrotal ou bolsa escrotal, é um saco de pele grossa que cerca e protege os testículos. A principal função do escroto é controlar a temperatura dos testículos, que necessitam de uma temperatura levemente inferior à do corpo para favorecer o desenvolvimento normal dos espermatozoides.
Testículos
São órgãos pares, de forma ovoide cujas principais funções são:
- produção de espermatozoides (que carrega os genes masculinos);
- produção de testosterona (o principal hormônio sexual masculino).
Epidídimo
O epidídimo é um tubo microscópico enrolado que mede quase seis metros de comprimento. Sua principal função é recolher os espermatozoides dos testículos, proporcionando-lhe meio para que eles amadureçam e adquiram mobilidade e sejam capazes de mover-se através do sistema reprodutivo feminino e fertilizem um óvulo. Um epidídimo encontra-se sobre cada testículo.
Canal Deferente
O canal deferente consiste em um tubo firme (com cerca de 3 mm de diâmetro) cuja principal função é transportar os espermatozoides a partir do epidídimo até a parte posterior da próstata. Antes de entrar na próstata, o canal deferente aumenta de diâmetro criando uma ampola onde recebe o ducto proveniente da vesícula seminal correspondente, formando o ducto ejaculatório. O ducto ejaculatório atravessa a próstata terminando ao nível da uretra.
Uretra
A parte inicial da uretra passa exatamente no meio da próstata. É um canal que faz parte do sistema urinário e do sistema reprodutivo. Tem então função dupla: transportar a urina desde a bexiga até o exterior e serve de conduto para a passagem do sêmen (espermatozoides, gel seminal e líquido prostático).
Próstata
É uma glândula única, com o tamanho aproximado de uma castanha. Está localizada logo abaixo da bexiga e envolve a porção inicial da uretra. A próstata produz secreção que é eliminada durante a ejaculação. O material secretado é espesso e leitoso e contém enzimas e nutrientes. Essa secreção serve para dissolver o sêmen após a ejaculação e ajudar a liberar os espermatozoides para que eles possam seguir caminho até o óvulo.
Vesículas Seminais
São glândulas localizadas acima da próstata. Ligam-se ao canal deferente formando os dutos ejaculatórios, que se estendem ao longo da próstata. A principal função das vesículas seminais é produzir o líquido seminal, um líquido viscoso alcalino que vai se misturar à secreção prostática e aos espermatozoides vindos do ducto deferente, para formar o sêmen. Cerca de 70% do sêmen é formado por secreção proveniente dessa glândula.
Glândulas Bulbouretrais
Também chamadas de glândulas de Cowper. São pequenas glândulas pares, situadas inferiormente a próstata. Produzem um muco espesso, claro, que drena para a uretra e é libertado antes da ejaculação. Acredita-se que esta secreção tenha a função de neutralizar a acidez da uretra por causa da urina, funcionando também como um lubrificante. Essa secreção constitui cerca de 5% do sêmen.
Aparelho Reprodutor Masculino – Portal Disfunção Sexual
Todos esses órgãos têm uma participação importante no processo da relação sexual e da ejaculação.
A relação sexual bem-sucedida depende de uma sequência de reações denominada resposta sexual composta pelas fases de desejo, excitação, orgasmo e resolução.
O desejo corresponde à vontade de estabelecer uma relação sexual.
A excitação é provocada a partir de algum estímulo sensorial (audição, visão, olfato etc.) e pela memória de vivências eróticas e de fantasias. Nessa fase ocorre a lubrificação vaginal e a ereção peniana.
O orgasmo é uma descarga de imenso prazer. Essa fase é acompanhada da ejaculação.
A resolução também chamada fase de detumescência, é um estado subjetivo de bem-estar que se segue ao orgasmo, no qual predomina o relaxamento muscular, a lassidão e certo torpor.
EJACULAÇÃO
Considerada por muitos o ápice da resposta sexual, a ejaculação (ação física pela qual ocorre a liberação do sêmen) é composta de duas fases distintas: emissão e expulsão de sêmen.
A fase da emissão é caracterizada pela contração (involuntária) dos músculos que libera e conduz os fluidos ejaculatórios até o duto ejaculatório.
O canal deferente conduz os espermatozoides (produzidos no testículo e depositados no epidídimo) até o duto ejaculatório. No duto ejaculatório os espermatozoides se juntam com o líquido seminal (produzido na vesícula seminal) e com o líquido prostático (produzido na próstata), formando assim e sêmen. Durante a excitação, as glândulas de Cowper produzem o líquido pré-ejaculatório que lubrifica a uretra e neutraliza a acidez dos traços de urina. O líquido pré-ejaculatório também entra na composição do sêmen.
Em seguida, há uma contração do esfíncter da uretra, a fim de evitar a expulsão da urina e o refluxo do esperma na bexiga.
Finalmente, ocorrem contrações rítmicas e involuntárias dos músculos da região pélvica, permitindo a expulsão do sêmen pelo meato uretral. O esfíncter externo da uretra abre e fecha de forma coordenada com as contrações, o que faz com que o sêmen ganhe propulsão através da uretra, liberando-o. Estas contrações se repetem por várias vezes, liberando sucessivos jorros de sêmen durante alguns segundos.
Muitos homens afirmam ter ejaculação precoce porque eles não conseguem controlar a ejaculação. Por isso, é importante lembrar que a ejaculação é coordenada pelo sistema nervoso simpático. É um processo fundamentalmente reflexo. Isso quer dizer que a ejaculação está fora do controle e da vontade. Nenhum homem, que ele consiga ou não prolongar o tempo da penetração, tem controle sobre a ejaculação. Uma vez que o processo da ejaculação inicia, o homem não pode bloqueá-lo. O homem pode, no entanto, controlar a excitação, processo que antecede a ejaculação.
É igualmente importante lembrar que, infecções sexualmente transmissíveis podem ser transmitidas através do sêmen e através do líquido pré-ejaculatório.
EJACULAÇÃO PRECOCE
O tempo médio para que o homem, em situação de saúde normal, atinja o orgasmo é de 5 minutos, mas na verdade isso não é uma regra pois não existe uma definição exata do tempo que dura uma relação sexual.
Alguns homens podem ejacular num período mais curto, antes da(o) parceira(o). Às vezes, a ejaculação acontece nos primeiros segundos após a penetração e, em alguns casos, a ejaculação pode acontecer antes mesmo ou durante a penetração.
Apesar de causar constrangimento e frustração, a ejaculação precoce não é considerada uma doença quando ela acontece eventualmente. Situações como estresse, cansaço, aborrecimentos e/ou problemas momentâneos por exemplo, podem provocar a ejaculação precoce e nesses casos, a ejaculação precoce é considerada totalmente natural.
Inclusive, ao contrário do que se pensa, é muito comum homens se queixarem de ejaculação precoce. Estima-se que 1 em cada 3 homens tenham esse problema em algum momento da sua vida adulta.
EJACULAÇÃO PRECOCE E DISFUNÇÃO SEXUAL
- O que é disfunção sexual?
Disfunção sexual é um transtorno mental.
Isso mesmo!
Médicos, psicólogos, psiquiatras, terapeutas e outros especialistas da saúde do mundo inteiro concordam que uma disfunção sexual é caracterizada como um transtorno mental.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), guia publicado pela American Psychiatric Association, um transtorno mental é “uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. Transtornos mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras atividades importantes”.
De modo geral, os transtornos mentais são caracterizados por alterações no pensamento, nas emoções e/ou no comportamento de uma pessoa. Quando essas alterações causam angústia significativa à pessoa e/ou interferem na sua vida cotidiana, elas são consideradas uma doença mental ou um transtorno de saúde mental.
A disfunção sexual como transtorno mental
Segundo o Manual DSM-5, as disfunções sexuais são definidas como uma “perturbação clinicamente significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual”.
Essa definição de disfunção sexual não é muito diferente da definição citada na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10), guia publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): “As disfunções sexuais dizem respeito às diferentes manifestações segundo as quais um indivíduo é incapaz de participar numa relação sexual, como ele ou ela desejaria”.
Essas duas definições de disfunção sexual, estão diretamente relacionadas com a definição de transtorno mental: trata-se de uma perturbação clinicamente significativa, que causa angústia e que afeta atividades sociais, profissionais ou outras atividades importantes, como a resposta sexual.
Qualquer disfunção sexual afeta diretamente a resposta sexual.
- O que é ejaculação precoce?
Segundo a International Society for Sexual Medicine (ISSM), ejaculação precoce (ou prematura) ‘’é a disfunção sexual masculina caracterizada por ejaculação que ocorre sempre ou quase sempre antes ou cerca de um minuto depois da penetração vaginal e pela incapacidade de adiar a ejaculação em todas ou quase todas as penetrações vaginais ocasionando consequências pessoais negativas, tais como perturbação, incomodo, frustração e levando o indivíduo a evitar ter intimidade sexual’’.
Segundo o Manual (DSM-5), para que a ejaculação precoce seja diagnosticada como uma disfunção sexual é necessário que o homem apresente os seguintes critérios:
- a ejaculação ocorre de maneira recorrente ou persistente durante atividade sexual antes do momento desejado;
- a ejaculação ocorre dentro de aproximadamente um minuto após a penetração vaginal (para atividades sexuais não vaginais, esse critério de tempo não foi determinado);
- esses sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses e devem ser experimentados em quase todas ou todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual;
- esses sintomas devem causar sofrimento significativo e dificuldade no relacionamento e não pode se dar devido a efeito de alguma substância.
Então, resumindo: você tem uma disfunção sexual se você sempre ou quase sempre ejacula ainda nas preliminares e/ou dentro do primeiro minuto de penetração, se essa situação já dura pelo menos seis meses e se essa situação te causa sofrimento, frustração, angústia e causa problemas na sua relação a ponto de você querer evitar a intimidade sexual com a sua/seu parceira(o).
DIAGNÓSTICO DA EJACULAÇÃO PRECOCE
Episódios de ejaculação precoce esporádicos (acontecem uma vez ou outra) podem ser causados pela ansiedade relacionada a problemas momentâneos e não são considerados como uma disfunção sexual, mas sim como uma variação normal do desempenho sexual.
O homem deve procurar o médico quando os episódios de ejaculação precoce forem recorrentes (acontecem com maior frequência).
Em um primeiro momento, o homem pode consultar um clínico geral ou um urologista. Dependendo da(s) causa(s) identificada(s) da ejaculação precoce, pode haver a necessidade de consultas com um psiquiatra, psicólogo ou terapeuta.
A disfunção ejaculatória geralmente é reconhecida através de uma breve história médica e sexual. Para estabelecer o diagnóstico, o médico normalmente faz perguntas específicas a respeito das ocorrências (quando começou, frequência, ocasião em que acontece – na masturbação, com certas parceiras, com todas as parceiras), graus de incômodo, uso de drogas e medicamentos, outros problemas de saúde (DSTs, diabetes, tireoide, hormônios, etc.), problemas ou satisfação no relacionamento, nível de estresse, ansiedade e presença de depressão. O médico também poderá efetuar exame físico completo e requisitar testes laboratoriais.
TIPOS DE EJACULAÇÃO PRECOCE
Segundo o Manual (DSM-5), a ejaculação precoce pode ser caracterizada em dois tipos (ao longo da vida e adquirida):
Ejaculação precoce ao longo da vida (primária) – A ejaculação precoce começa durante as primeiras experiências sexuais, ocorre em quase todas as relações sexuais, com (quase) todas as mulheres e persiste durante toda a vida do indivíduo. A disfunção pode se agravar com a idade.
Segundo alguns médicos, a ejaculação precoce ao longo da vida é uma disfunção ejaculatória crônica, por isso não pode ser curada seja por tratamento medicamentoso ou psicoterápico.
Ejaculação precoce adquirida (secundária) – Ocorre mais tarde, em algum momento da vida de homens que habitualmente não apresentavam queixas sexuais. Pode iniciar de forma súbita ou gradual. Segundo o manual, esses casos aparecem depois dos 40 anos.
O Manual ainda classifica a ejaculação precoce em subtipos:
Ejaculação Precoce e Estímulos
- Generalizada – Não se limita a determinados tipos de estimulações, situações ou parceiros
- Situacional – Ocorre somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros
Ejaculação Precoce e Gravidade
- Leve – A ejaculação ocorre dentro de aproximadamente 30 segundos a 1 minuto após a penetração
- Moderada – A ejaculação ocorre dentro de aproximadamente 15 a 30 segundos após a penetração
- Grave – A ejaculação ocorre antes da atividade sexual, no início da atividade sexual ou dentro de 15 segundos após a penetração
CAUSAS DAS EJACULAÇÃO PRECOCE
Embora as características da ejaculação precoce sejam estabelecidas, a causa exata dessa disfunção sexual ainda não é totalmente conhecida.
Estudos apoiam a teoria que fatores genéticos e psicológicos causam a ejaculação precoce ao longo da vida. Dados, baseados em evidências, apoiam a teoria que certos fatores biológicos (doenças) e psicológicos estão relacionados a ejaculação precoce adquirida. No entanto, vale lembrar que nenhuma teoria foi cientificamente comprovada.
Ainda que não se tenha certeza sobre as causas da ejaculação precoce, a medicina atual permite estabelecer a seguinte condição:
A ejaculação precoce ao longo da vida pode ser causada por uma contribuição genética moderada e por transtornos de fundo psicológico.
A ejaculação precoce adquirida pode ser causada por fatores biológicos, que são normalmente doenças (que podem causar a ejaculação precoce) adquiridas ao longo da vida e por transtornos de fundo psicológico.
Fatores físicos ou biológicos
- Causas genéticas
Segundo o Manual (DSM-5), o polimorfismo do gene transportador de serotonina, quer dizer, uma variação genética do neurotransmissor da serotonina, pode ser um fator de risco para a ejaculação precoce.
Os neurotransmissores são uma espécie de mensageiros do cérebro. Sua principal função é transmitir impulsos nervosos de um neurônio para outro, gerando no neurônio recebedor reações químicas particulares que darão origem ao estímulo ou à inibição desse neurônio.
A serotonina é uma substância química que funciona como um neurotransmissor. Essa substância desempenha um papel extremamente importante para o bom funcionamento do organismo humano.
A serotonina tem várias funções: regular a temperatura, o sono, o apetite e a dor. Uma de suas funções mais importantes é regular o humor e a forma como reagimos diante de situações boas e ruins.
Qualquer modificação genética no neurotransmissor pode afetar a transmissão da serotonina de um neurônio para o outro. A falha nessa transmissão pode acarretar um desequilíbrio do nível de serotonina no cérebro.
Quando a falha na transmissão acarreta o baixo índice de serotonina no cérebro, pode causar dificuldade para dormir, mau humor, comportamentos impulsivos e agressividade, ansiedade, depressão e até mesmo o suicídio.
Como a gente viu, o baixo índice de serotonina é um dos causadores da ansiedade e, como a gente vai ver mais adiante, a ansiedade é um dos principais causadores da ejaculação precoce.
- Hipersensibilidade da glande peniana
A glande do pênis possui inúmeras terminações nervosas que captam as sensações provocadas pelo estímulo sexual e permitem que elas sejam convertidas em impulsos nervosos importantes para a ereção e a ejaculação. A glande é, portanto, uma região muito sensível.
No entanto, alguns homens apresentam uma sensibilidade ainda maior nessa região. A hipersensibilidade na glande pode fazer com que o homem sinta maior excitação e atinja o orgasmo com mais rapidez.
- Problemas na próstata
A próstata (ou glândula prostática) fica localizada logo abaixo da bexiga e à frente do reto (porção final do intestino grosso). A principal função da próstata é produzir o líquido prostático. O líquido prostático é uma secreção que serve de proteção para os espermatozoides (contra o ambiente ácido da uretra do homem e da vagina) e para fazer com que eles se tornem mais móveis, aumentando as chances de chegarem até o óvulo.
O líquido prostático, o líquido seminal (produzido pelas vesículas seminais) e os espermatozoides (produzidos pelos testículos) formam o esperma ou sêmen.
No momento da ejaculação, a próstata se contrai e, juntamente com os músculos da uretra e do períneo, participa da expulsão do esperma.
As principais doenças da próstata são a hiperplasia benigna da próstata, o câncer da próstata e a prostatite (inflamação da próstata) que pode ser aguda ou crônica.
Estudos mostram uma alta prevalência de prostatite crônica em caso de pacientes com ejaculação precoce. Mesmo que ainda não se conheça muito sobre o mecanismo de ação da inflamação da próstata na ejaculação precoce, acredita-se que a inflamação prostática possa alterar a sensação e a modulação do reflexo ejaculatório. Por isso, um exame de rotina da próstata na avaliação clínica de pacientes com ejaculação precoce deve ser realizado.
- Problemas/doenças na tireoide
A tireoide é uma glândula localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo do Pomo de Adão. Sua principal função é produzir os hormônios tireoidianos T3 e T4. Esses hormônios são fundamentais pois eles asseguram o bom funcionamento de diversos controles do organismo: os batimentos cardíacos, transmissão elétrica dos neurônios, a produção de hormônios sexuais, os movimentos intestinais, a capacidade de concentração do cérebro, o tônus da musculatura, a regulação dos ciclos menstruais, do humor e da respiração celular. Controla, também, o armazenamento e a utilização de iodo e cálcio.
Qualquer disfunção na glândula tireoide pode acarretar distúrbios.
Quando a tireoide é hipoativa, ela não produz quantidades adequadas de hormônios causando o distúrbio chamado hipotiroidismo.
Quando a tireoide é hiperativa, ela produz uma quantidade excessiva de hormônios causando o distúrbio chamado hipertireoidismo.
Segundo alguns estudos, pacientes com hipertireoidismo demonstram maior risco de ejaculação precoce do que outros. Porém, o mecanismo de ação dos hormônios da tireoide na ejaculação é desconhecido.
- Disfunção erétil – Impotência e ejaculação precoce
Muitas pessoas perguntam se é a disfunção erétil que causa a ejaculação precoce ou se é a ejaculação precoce que ocasiona a disfunção erétil.
Médicos relatam que a ejaculação precoce e a disfunção erétil criam um círculo vicioso: o homem na tentativa de controlar a ejaculação afeta o nível de excitação, o que pode resultar em disfunção erétil, e aquele que tenta obter uma ereção melhor pode ficar ansioso, ocasionando a ejaculação precoce.
Médicos também relatam que a disfunção erétil (ereção de curta duração ou com pouca rigidez) incita o homem a querer atingir rapidamente o orgasmo e a ejaculação.
É importante entender que disfunção erétil e ejaculação precoce fazem parte de um processo chamado resposta sexual e são dois fenômenos distintos que usam estruturas anatômicas distintas:
A ereção se faz por intermédio da divisão parassimpática do sistema nervoso autônomo; ao passo que a ejaculação é uma função simpática. Já o orgasmo é resultado da atividade de substância químicas no cérebro.
Sendo assim, é possível que um homem tenha orgasmo sem ter ejaculação. Tenha ejaculação sem ter ereção. Tenha ejaculação sem ter orgasmo. Tenha orgasmo sem ter ereção. Tenha ereção sem ter ejaculação.
- Diabetes e ejaculação precoce
Ao contrário do que muitos pensam, médicos afirmam que o diabetes não é uma causa direta da ejaculação precoce. Alguns pacientes com diabetes começam a apresentar problemas na sua potência sexual. Para evitar uma flacidez peniana antes do desejado, adiantam sua ejaculação.
Fatores psicológicos da ejaculação precoce
Vários são os fatores, de fundo psicológico, que podem direta ou indiretamente causar ejaculação precoce.
- Condicionamento – Educação – Religião – Quando o homem provém de um ambiente familiar (ou pratica uma religião) onde se recrimina a masturbação, ele pode desenvolver o hábito de se masturbar rapidamente para não ser descoberto, quando criança. Assim, quando na vida adulta, se as primeiras relações sexuais ocorrerem sob algum tipo de pressão, ele pode ser condicionado a atingir mais rapidamente a ejaculação.
- Abuso sexual (e/ou outras experiências sexuais traumáticas na infância).
- Experiências sexuais precoces.
- Imagem corporal distorcida ou timidez.
- Inexperiência – pouco conhecimento do seu corpo ou da sua própria sexualidade.
- Insegurança no começo – insegurança quanto ao desempenho – medo de não conseguir.
- Relações amorosas mal sucedidas.
- Medo de engravidar a parceira ou de não satisfazê-la completamente.
- Problemas no relacionamento.
- Problemas do dia-a-dia que possam causar preocupação excessiva e estresse.
- Depressão.
Todas essas situações causam ansiedade no homem em relação ao seu desempenho sexual e em relação a todas as atividades envolvendo o sexo de modo geral.
ANSIEDADE E EJACULAÇÃO PRECOCE
Ansiedade é uma sensação de nervosismo, preocupação ou desconforto. Assim como tantas outras sensações, a ansiedade é uma experiência normal no ser humano.
A ansiedade está associada ao medo. Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto a ansiedade é a antecipação de ameaça futura.
Com moderação, essas sensações não são necessariamente uma coisa ruim. Muitas vezes, elas desempenham um papel importante na segurança e na sobrevivência. Diante de uma situação perigosa, o medo e a ansiedade provocam uma resposta de fuga ou de luta. Em outras situações, a ansiedade e o medo podem ajudar uma pessoa a ficar alerta e concentrada, estimulá-la à ação e motivá-la a resolver problemas.
A ansiedade é acionada quando uma pessoa se sente ameaçada, sob pressão ou está enfrentando uma situação desafiadora como por exemplo o primeiro dia de aula, fazer um teste, mudar para um novo local, ir a uma entrevista de emprego, iniciar um novo trabalho, discursar ou ir ao primeiro encontro.
A ansiedade não está necessariamente ligada ao momento preciso onde a ameaça está presente; ela pode ser antecipada ocorrendo antes da ameaça. Ela pode igualmente persistir depois que a ameaça tenha passado ou ainda ocorrer na ausência de uma ameaça identificável.
A ansiedade normalmente é acompanhada de sintomas físicos parecidos com aqueles causados pelo medo: falta de ar, tontura, sudorese, batimentos cardíacos rápidos e/ou tremor.
Quando a ansiedade é constante e persistente, quando ela passa de um certo limite se tornando avassaladora e quando ela desencadeia sofrimento excessivo interferindo nos relacionamentos, na vida cotidiana e impedindo que a pessoa realize atividades comuns (como entrar no elevador, atravessar a rua ou até sair de casa), ela é considerada uma disfunção conhecida como transtorno de ansiedade.
CAUSAS DA ANSIEDADE
As causas da ansiedade não são completamente conhecidas, mas, acredita-se que ela pode estar relacionada com fatores biológicos, medicamentosos, sociais e psicológicos.
Fatores biológicos da ansiedade
- Genética.
- Implicação do gene 5-HTT responsável pela transmissão da serotonina.
- Vulnerabilidade ao estresse, tendência hereditária, histórico familiar de transtornos de ansiedade.
- Desequilíbrio químico no cérebro (serotonina, noradrenalina, ácido gama-aminobutírico (GABA) responsável pela diminuição da atividade nervosa dos neurônios).
- Doenças:
- Doenças cardíacas.
- Doenças hormonais – Doenças da tireoide.
- Doenças pulmonares.
- Doenças em fase terminal – Pode ocorrer ansiedade em uma pessoa em estado terminal em decorrência de medo da morte, dores e dificuldades.
- Anemia – A anemia é caracterizada pela deficiência de ferro no sangue, o que ocasiona a falta de oxigênio nas células. Essa situação desencadeia a ativação do sistema nervoso a acentua a sensação de ansiedade.
Fatores medicamentosos da ansiedade
A ansiedade pode ser causada pelo uso ou interrupção (abstinência) de certos medicamento ou drogas.
- Medicamentos como corticosteroides.
- Estimulantes (por exemplo anfetaminas).
- Álcool.
- Cafeína.
- Cocaína.
- Alguns produtos emagrecedores que contêm guaraná, cafeína ou ambos.
Fatores sociais da ansiedade
- Ambiente onde a pessoa cresceu.
- Atitude das pessoas no ambiente onde a pessoa cresceu.
- Superproteção.
- Situação econômica.
- Pressão social.
Fatores psicológicos da ansiedade
- Baixa autoestima.
- Traumatismos (violência, abuso, acidentes).
- Nível de exigências elevado.
- Condicionamentos.
- Pouca capacidade de adaptação.
- Transtornos como distúrbio do sono e depressão podem causar ansiedade.
Recapitulando as causas da ejaculação precoce
Como a gente viu, alguns fatores biológicos podem causar a ejaculação precoce. Mas, o mecanismo de ação e a influência direta de certas doenças na ejaculação precoce ainda não são conhecidos. Evidentemente, com o avanço da medicina, essa lacuna será preenchida pois provavelmente futuros estudos mostrarão novas descobertas com relação as causas desse problema sexual.
No entanto, sabe-se que, na grande maioria das vezes, a ansiedade é a grande vilã no que diz respeito a ejaculação precoce.
TRATAMENTO DA EJACULAÇÃO PRECOCE
Homens com ejaculação precoce devem ser avaliados com históricos médico e sexual detalhados, exame físico e investigações adequadas para que se possa estabelecer a queixa verdadeira e identificar causas biológicas óbvias, como infecção genital ou do trato urinário inferior.
O tratamento então deve ser indicado de acordo com as causas identificadas:
Quando a causa da ejaculação precoce é de origem biológica (doença) como a prostatite e o hipertireoidismo por exemplo (o que é menos comum), o tratamento desta causa geralmente ocasiona a resolução da ejaculação precoce.
Outros problemas biológicos, como o baixo índice de serotonina no cérebro, podem ser tratados com medicamentos (geralmente antidepressivos).
De modo geral, a ejaculação precoce encontra a sua origem nos problemas de fundo psicológico. Nesse caso, o tratamento mais indicado é a psicoterapia. Problemas psicológicos como a ansiedade (uma das grandes responsáveis pela ejaculação precoce), também podem ser tratados com antidepressivos.
O tratamento da ejaculação precoce deve ser ministrado por urologistas, psiquiatras, psicólogos, sexólogos e terapeutas. Na maioria dos casos, o tratamento segue a seguinte forma:
Tratamento para fatores físicos ou biológicos
- Tratamento com medicamentos
Antidepressivos – Baixo índice de serotonina
A serotonina (produzida no cérebro) é uma substância química que normalmente provoca a inibição da libido, da excitação e da ejaculação.
Quando o homem apresenta problemas de ejaculação precoce, é normal o médico prescrever tratamento com antidepressivos que são inibidores seletivos de receptação de serotonina, conhecidos como ISRS ou SSR. Dentre eles os mais conhecidos são:
- Fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Prozen®, Psipax®);
- Sertralina (Zoloft®, Assert®, Serpax®);
- Paroxetina (Seroxat®, Dropax®, Paxil®, Benepax®, Pondera®, Parox®);
- Citalopram (Celexa®, Cipramil®, Cipram® Città®, Procimax®);
- Escitalopram (Cipralex®, Lexapro®).
Um dos efeitos desses medicamentos é aumentar a quantidade de serotonina no cérebro. Como a serotonina é um inibidor natural da libido, da excitação e da ejaculação, o objetivo desse tratamento é aumentar a quantidade de serotonina no cérebro causando assim a inibição da ejaculação precoce.
Ao mesmo tempo, a ansiedade, que é uma das principais causas da ejaculação precoce, pode ser resultado de um desequilíbrio de serotonina no cérebro. Nesse caso, os antidepressivos ISRS também são indicados no tratamento da ansiedade atuando indiretamente no tratamento da ejaculação precoce.
Uma limitação importante do tratamento para ejaculação precoce com os ISRS disponíveis atualmente é que essa classe de medicamentos foi associada a uma série de efeitos colaterais sexuais indesejáveis: diminuição da libido, anorgasmia e impotência.
A dosagem e a frequência de administração podem variar bastante de homem para homem.
Esses medicamentos devem ser receitados por especialistas, como urologistas ou psiquiatras e a dosagem deve ser controlada.
Antidepressivo tricíclico
A clomipramina é um potente antidepressivo tricíclico. Entre outras funções, ela é um inibidor de serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5-HT). É indicada para o tratamento de diversas doenças: depressão, distúrbios de personalidade, síndromes depressivas, fobias e ataques de pânico, estados dolorosos crônicos, ejaculação precoce e outras patologias.
A clomipramina pode provocar efeitos colaterais diversos:
- náusea;
- boca seca;
- prisão de ventre;
- fadiga;
- ganho de peso;
- aumento do apetite;
- tontura;
- tremor;
- dor de cabeça, entre outros.
Inibidores da fosfodiesterase-5 – Disfunção erétil e ejaculação precoce
Outro tratamento para a ejaculação precoce inclui a administração de medicamentos que inibem a ação da fosfodiesterase-5 (uma enzima que interfere no processo de ereção).
Esses medicamentos (sildenafila (Viagra®), tadalafila, vardenafila e lodenafila) são conhecidos como inibidores da fosfodiesterase-5 (iPDE-5). Atualmente eles são indicados para o tratamento da disfunção erétil pois atuam promovendo o relaxamento da célula muscular do tecido cavernoso, condição necessária para obtenção da ereção.
Apesar do sucesso dos inibidores da PDE-5 no tratamento da disfunção erétil, o possível mecanismo de ação dos inibidores da PDE-5 como tratamento direto da ejaculação precoce não está claro.
No entanto, o tratamento com inibidores da PDE-5 pode ser eficaz em homens com ejaculação precoce associada à disfunção erétil uma vez que essas duas disfunções geralmente ocorrem juntas.
Tramadol
O tramadol é um opioide (substância derivada do ópio). Medicamentos à base de ópio são usados como tratamento para dor aguda ou crônica. São usados como droga recreativa pois produzem, em doses elevadas, euforia e estados hipnóticos. Morfina e heroína são exemplos de opioides recreativos.
Segundo alguns estudos, o tramadol pode atrasar a ejaculação através de dois mecanismos de ação distintos: estimulação do receptor µ-opioide e inibição da recaptação da noradrenalina e da 5-hidroxitriptamina (5-HT).
Existe uma grande diversidade de opinião em relação ao uso desse medicamento no tratamento da ejaculação precoce. Se por um lado, muitos estudos demonstram que o tramadol é eficaz e seguro no tratamento da ejaculação precoce, por outro lado, outros estudos demonstraram resultados inconsistentes relativamente ao uso desse medicamento.
Os efeitos adversos mais comuns associados ao tramadol são náusea, vômito e tontura. Porém, estudos advertem quanto a necessidade de investigar o risco de dependência de opioides com o uso deste medicamento.
Dapoxetina
A dapoxetina é o primeiro medicamento especificamente destinado ao tratamento da ejaculação precoce.
Apesar de pertencer à classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), esse medicamento não é utilizado como um antidepressivo porque seu princípio ativo é rapidamente eliminado: em algumas horas após a ingestão, não são encontrados vestígios do medicamento no organismo. Essas propriedades farmacocinéticas são adequadas para o tratamento sob demanda da ejaculação precoce.
Na verdade, o curto período entre o uso do medicamento e o efeito é uma das grandes vantagens da dapoxetina em relação a outros ISRSs. Geralmente, o medicamento deve ser tomado quando necessário, de 1 a 3 horas antes da atividade sexual. A dosagem deve ser determinada segundo orientação médica.
Os efeitos colaterais da dapoxetina incluem náusea, diarreia, tontura e dor de cabeça. Deve-se usar esse medicamento com cautela se outros medicamentos estiverem sendo utilizados.
A dapoxetina é comercializada sob o nome de Priligy® em 25 países desde o final de 2013. Na América do Norte, a dapoxetina ainda não foi aprovada. Isso porque nessa região, a dapoxetina é fortemente comercializada para o tratamento de transtornos depressivos. Para comercializá-lo como tratamento da ejaculação precoce seria necessário destacar seus potentes efeitos adversos nas funções sexuais e, portanto, dificultaria as estratégias de marketing já utilizadas para a comercialização desse medicamento como antidepressivo.
- Tratamento tópico
Hipersensibilidade da glande peniana
Como a gente viu, a hipersensibilidade na glande pode causar a ejaculação precoce.
Médicos e terapeutas propõem várias dicas para contornar o problema da hipersensibilidade da glande e deixá-la menos sensível:
⇒ Adotar o tratamento paliativo com géis, sprays e cremes anestésicos (lidocaína, benzocaína ou prilocaína). Normalmente são aplicados alguns minutos (10 a 15 min.) antes da relação sexual. Esses produtos devem ser usados com cautela. O uso em excesso pode provocar dormência no pênis e na vagina, tirando completamente a sensibilidade, provocando a perda da ereção e prejudicando a relação sexual. O uso de preservativo impede a passagem do anestésico para a parceira.
⇒ Usar preservativo (que é sempre recomendado!) ajuda a diminuir a sensibilidade. Vale lembrar que existem preservativos que contém anestésico no seu interior: Durex Prazer Prolongado, Prudence Efeito Retardante e Prudence Ice são alguns exemplos.
⇒ Descobrir a glande regularmente pode ajudar, pouco a pouco, a tornar a pele da glande mais espessa e menos sensível.
⇒ Esfregar a glande com uma bucha ou esponja vegetal. Esse procedimento pode ser feito todos os dias e deve ser feito com cuidado para não machucar.
Apesar de haver clínicas espalhadas pelo Brasil oferecendo opções de cirurgia para o tratamento da ejaculação precoce, é importante saber que não existem cirurgias para tratamento de ejaculação precoce.
A postectomia (remoção do prepúcio), a neurotripsia (desconexão dos nervos sensoriais do pênis) e injeções de medicamentos dentro do pênis, não são aceitos pela Sociedade Brasileira de Urologia como tratamentos válidos para ejaculação precoce.
Tratamento para fatores psicológicos
- Psicoterapia
Psicoterapia, também chamada terapia de conversa ou simplesmente terapia, é um tratamento colaborativo em que paciente e psicólogo trabalham juntos para resolverem problemas psicológicos ou dificuldades emocionais.
Na psicoterapia, os psicólogos aplicam procedimentos cientificamente validados para ajudar as pessoas a desenvolverem hábitos mais saudáveis e efetivos.
Existem várias abordagens para a psicoterapia e, no tratamento da ejaculação precoce, a mais utilizada é a Análise do Comportamento ou Behviorista.
Terapia comportamental
A terapia comportamental é indicada por urologistas, psiquiatras, psicólogos, sexólogos e terapeutas para o tratamento da ejaculação precoce.
A terapia comportamental foca os seus esforços na modificação dos comportamentos.
Assim, basicamente (bem basicamente!), o objetivo da terapia comportamental é identificar os comportamentos disfuncionais, quer dizer os comportamentos do indivíduo que causam sofrimento ou trazem malefícios a sua saúde, entender como e porque esses comportamentos foram estabelecidos e aplicar estratégias que ajudem o indivíduo a buscar novos comportamentos, reforçando aqueles que são desejáveis.
A terapia comportamental faz uso de um amplo conjunto de técnicas bem estruturadas e constantemente testadas em situações e problemas abordados pela psicologia aplicada que variam de acordo com o problema tratado.
As técnicas mais utilizadas no tratamento da ejaculação precoce são baseadas na ideia de que o homem pode aprender a controlar o reflexo ejaculatório, modificando a resposta à excitação sexual. Essas técnicas têm por objetivo ensinar o homem a identificar e responder às sensações corporais que antecedem a fase de emissão.
Técnicas usadas na terapia comportamental
- Técnica parar e começar
Também conhecida como Pare e Comece, Começa e Para, Parar e Reiniciar, Stop & Go, Start-Stop, e por ai vai. Essa técnica pode ser feita com o auxílio da parceira(o) ou durante a masturbação. Ela consiste em estimular o pênis até que o homem sinta que vai atingir o orgasmo. Nesse momento deve-se parar a estimulação até que a sensação passe e recomeçar a estimulação novamente. Esse processo pode ser repetido duas ou três vezes antes do homem ejacular.
- Técnica Squeeze – Também chamada de técnica de pressão (ou compressão)
Essa técnica consiste em estimular o pênis até que o homem sinta que vai ejacular. Nesse momento deve-se apertar a cabeça do pênis (ou a base) suavemente por alguns segundos até que a excitação diminua e depois recomeçar o estímulo. Essa técnica não deve ser usada depois que a ejaculação começar.
Apesar de serem muito utilizadas, deve-se notar que a evidência da eficácia dessas técnicas a curto prazo é limitada. Estudos efetuados relataram altos índices de fracasso com o uso dessas técnicas.
- Exercícios de Kegel
De modo geral, os exercícios de kegel consistem em contrair a musculatura do assoalho pélvico (MAP) com o objetivo de fortalecê-los. Om músculos do assoalho pélvico estão localizados na parte inferior do abdômen.
No homem, a MAP é perfurada por dois canais (uretra e reto), que são amassados quando essa musculatura é contraída. No homem a MAP tem a função de manter a bexiga e o intestino no lugar certo, ajudando a manter a continência urinária e fecal além de desempenhar um papel importante na função sexual, na manutenção da ereção e no momento da ejaculação.
Para identificá-los, o homem pode contrair os músculos que normalmente usaria para interromper o fluxo da urina ou para impedir a liberação da flatulência (gases) num ambiente fechado.
Segundos especialistas (fisioterapeutas pélvicos), as contrações devem ser vigorosas e durar 2 segundos. O intervalo de descanso entre as contrações deve ser de 2 a 3 segundos. Esses exercícios podem ser feitos em série de 10 contrações 2 a 3 vezes ao dia.
Outras técnicas
- Masturbação como terapia – Terapeutas sugerem que a masturbação pode ser utilizada como terapia se praticada uma ou duas horas antes da relação sexual.
- Alguns terapeutas sugerem técnicas de distração (exercícios mentais em que o homem pensa em outras coisas que não estejam relacionadas com o sexo) durante as preliminares, durante a relação sexual, ou ambos.
Produtos naturais
Deve-se ter em mente que o recurso a produtos naturais para o tratamento da ejaculação precoce (e mesmo para o tratamento de outras doenças) pode ser perigoso.
Ervas e medicamentos à base de ervas têm propriedades que atuam no organismo. Algumas atuam na circulação sanguínea, outras no controle da pressão arterial, diabetes, colesterol, memoria, sono, infecções, funções sexuais e por aí vai.
O grande problema é que, de modo geral, as pessoas tomam chás sem ter o conhecimento dos efeitos dessas ervas no organismo. Muitas vezes as pessoas misturam o chá com o tratamento à base de medicamentos, o que pode causar reações inesperadas e algumas vezes prejudiciais à saúde.
A pessoa que está fazendo tratamento com medicamentos e aquela que está procurando um tratamento alternativo deve, antes de iniciar a ingestão de chás e pílulas naturais, consultar o seu médico e perguntar a respeito da interação entre essas substâncias e possíveis efeitos colaterais.
Em hipótese alguma, o homem que acha que tem ejaculação precoce deve se automedicar. Como a gente viu, vários medicamentos indicados para a ejaculação precoce atuam no cérebro (nos neurotransmissores). Por isso, esses medicamentos devem ser tomados de acordo com a prescrição médica.
Finalmente, o tratamento indicado pelo médico deve ser seguido criteriosamente: a dosagem e o horário devem ser respeitados e o tratamento deve ser seguido durante o período estabelecido.
Lembre-se que, muitas vezes, a sua saúde está nas suas mãos. Adotar o estilo de vida mais saudável (modificando a sua alimentação, praticando exercícios, diminuindo o estresse do dia-a-dia com atividades agradáveis, diminuindo ou parando o consumo de álcool, cigarro e drogas) é a melhor estratégia para fortalecer o sistema imunológico e combater qualquer doença.
Espero que esse artigo tenha sido útil. Se você acha que ele pode ajudar alguém que você conheça, não hesite em compartilhá-lo!
Até a próxima!
Bibliografia
Abdo CHN. Sexualidade humana e seus transtornos. 2a.ed. São Paulo: Lemos; 2000. p.31-2.
Verit FF, Yeni E, Kafali H. Progress in female sexual dysfunction. Urol Int. 2006; 76(1):1-10.
(Waldinger MD. Medicamentos emergentes para a ejaculação precoce. Opinião de especialista Emerg Drugs 2006; 11: 99–109.
Screponi E, Carosa E, Stasi SM, et al. Prevalência de prostatite crônica em homens com ejaculação precoce. Urology 2001; 58: 198–202.
Carani C, Isidori AM, Granata A, et al. Estudo multicêntrico sobre a prevalência de sintomas sexuais em pacientes masculinos hipo e hipertireoidianos. J Clin Endocrinol Metabol 2005; 90: 6472–9.
Lawrence JS, Madakasira S. Avaliação e tratamento da ejaculação precoce: uma revisão crítica. Int J Psychiatr Med 1992; 22: 77–97.
Althof SE. Estratégias de tratamento psicológico para a ejaculação rápida: justificativa, aspectos práticos e resultado. Mundo J Urol 2005; 23: 89–92.
Hartmann U, Schedlowski M, Kruger THC. Fatores cognitivos e relacionados ao parceiro na ejaculação rápida: diferenças entre homens disfuncionais e funcionais. Mundo J Urol 2005; 23: 93–101.
Althof SE, Levine SB, Corty EW, et al. Um estudo cruzado duplo-cego de clomipramina para ejaculação rápida em 15 casais. J Clin Psychiatry 1995; 56: 402–7.
Montorsi F., Guazzoni G., Trimboli F., et al. Clomipramina para a ejaculação precoce: um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. Acta Urol Ital 1995; 1: 5–6.
Kim SC, Seo KK. Eficácia e segurança de fluoxetina, sertralina e clomipramina em pacientes com ejaculação precoce: um estudo duplo-cego, controlado por placebo. J. Urol 1998; 159: 425–7.
Kolomaznik M, Hronek J, Kolomaznik J, et al. Sertralin e leche ejaculatio praecox: Intermitentne nebo kontinualne? Psychiatrie C’slo 1998; 2: 244–6.
Rowland DL, De Gouveia Brazao CA, Slob AK. Tratamento diário eficaz com clomipramina em homens com ejaculação precoce quando 25 mg (conforme necessário) é ineficaz. BJU Int 2001; 87: 357–60.
McMahon CG, McMahon CN, Liang JL, et al. Eficácia dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 no tratamento medicamentoso da ejaculação precoce: uma revisão sistemática. BJU Int 2006; 98: 259–72.