Desreguladores endócrinos e impacto na saúde sexual

Nesse artigo agente vai ver como o detergente usado para lavar a louça, o batom, a tinta de cabelo, o esmalte, um brinquedo de plástico, uma panela de teflon, uma salada, o vinho e vários outros itens podem afetar a saúde sexual.

Na verdade, os itens citados acima são apenas alguns exemplos de fontes de contaminação cujo uso pode, com o tempo, causar graves prejuízos à saúde sexual de homens e mulheres.

Você deve estar se perguntando como esses itens podem afetar a sua saúde sexual. A resposta é simples: eles podem afetar a saúde sexual pois podem conter o que chamamos de disruptores ou desreguladores endócrinos.

Mas, para entendermos o que são desreguladores endócrinos e como eles agem no organismo, é preciso ter pelo menos algumas noções básicas sobre o sistema endócrino.

Então, vamos lá!

SISTEMA ENDÓCRINO E HORMÔNIOS

O Sistema endócrino é um conjunto de órgãos (ou glândulas) responsáveis pela produção dos hormônios.

SISTEMA ENDÓCRINO

Qual é a função do sistema endócrino?

A tabela a seguir resume, de maneira bem simples, as diferentes funções do sistema endócrino e a ação de alguns hormônios.

Sistema endócrino e suas funções
Fonte: Les perturbateurs endocriniens: quels risques? Comité de prévention et de précaution, ministère de l’Écologie et du Développement durable, France, 2003 (http://www.pnrpe.fr/IMG/CPP_RisquesPE.pdf).

O que são hormônios e quais são as suas funções?

Hormônios são substâncias químicas que controlam diversas funções do organismo (como por exemplo a reprodução, o metabolismo, o balanço energético, o crescimento, o desenvolvimento e a homeostasia do meio interno), inclusive as funções sexuais.

Veja no quadro abaixo os principais hormônios que atuam no organismo.

Principais hormônios e suas funções
Fonte: Portal Disfunção Sexual

Agora que você já tem um conhecimento básico sobre o sistema endócrino e a função dos hormônios no organismo, vamos entender como os desreguladores endócrinos podem causar danos à saúde sexual.

DESREGULADORES ENDÓCRINOS

O que é um desregulador endócrino?

Desreguladores endócrinos (Endocrine Disrupting Chemicals (EDCs) em inglês) também são conhecidos como interferentes endócrinos, perturbadores endócrinos, disruptores endócrinos e interferentes hormonais.

Existem várias definições para o termo “desreguladores endócrinos”.  De modo geral, aceita-se que os desreguladores endócrinos são um grupo de substâncias químicas presentes no meio ambiente que podem interferir no sistema endócrino de humanos e outros animais e, com isso, afetar a saúde, o crescimento e a reprodução.

A presença dessas substâncias no meio ambiente não é recente. Lá pelos anos 1900 já havia relatos de efeitos causados ao sistema endócrino de animais de laboratório por substâncias estrogênicas (um tipo de desregulador endócrino).

Nas décadas de 50 e 60, houve um aumento na detecção de anomalias na saúde humana e de certos animais, causadas pelo DDT, um tipo de pesticida, muito utilizado nessa época. Nos anos 70, um hormônio chamado Dietilstilbestrol (conhecido como DES) foi comercializado e administrado em mulheres grávidas na França e nos EUA afim de prevenir o aborto espontâneo e hemorragias e como pílula do dia seguinte. Esse medicamento provocou nas mulheres diversas enfermidades graves ligadas à fertilidade e anomalias e câncer dos órgãos genitais, causando na época um grande escândalo. Desde então, os desreguladores endócrinos suscitaram um grande interesse na comunidade científica e vários estudos vêm sendo realizados.

Como os desreguladores endócrinos agem no organismo?

Os órgãos e glândulas endócrinas sintetizam e liberam os hormônios diretamente na corrente sanguínea afim de “transportar uma mensagem”. Mesmo se os hormônios transportados pelo sangue alcançam todos os órgãos do corpo, um hormônio específico age somente em certos órgãos ou certas células específicas. Esses recebem o nome de órgãos alvo ou células alvo.

Normalmente, para reagir a um hormônio, uma célula alvo deve possuir proteínas específicas chamadas de receptores hormonais as quais esse hormônio pode se ligar. O hormônio age na atividade da célula somente quando a ligação do hormônio e do receptor acontece.

Célula alvo

Os desreguladores endócrinos atuam no organismo humano por meio de imitação dos hormônios naturais (como o estrógeno), dessa forma, ocorre um bloqueio da ação hormonal natural e uma alteração dos níveis de hormônios endógenos (que podem interferir no sistema endócrino).

Quando o organismo é exposto a um desregulador endócrino, este age sobre um receptor chamado receptor aril hidrocarboneto – AhR (uma proteína presente dentro das células) e aí o desregulador endócrino pode agir de três maneiras:

  1. O desregulador endócrino pode imitar um hormônio natural e se fixar no receptor celular. A célula responderia ao falso estímulo.
  2. O desregulador endócrino pode se ligar a um receptor celular, o que impede que o bom hormônio se ligue ao receptor. Nesse caso, o sinal normal não é emitido e o organismo não reage como deveria.
  3. O desregulador endócrino pode impedir ou bloquear o mecanismo de produção ou de regulação dos hormônios ou dos receptores. Essa perturbação acontece somente na presença de doses importantes de desreguladores.

Mecanismo de ação dos desreguladores endócrinos

Antes de explicar como as pessoas podem ser expostas aos desreguladores endócrinos, vamos ver alguns pontos importantes sobre a contaminação.

Perigo de contaminação em baixas doses – Ainda não se sabe qual a quantidade necessária de desreguladores endócrinos é necessária para causar danos à saúde humana. Entretanto, estudos apontam que quantidades ínfimas já teriam a capacidade de serem perigosas e podem alterar o desenvolvimento dos fetos.

Efeitos da contaminação a longo prazo – Muitos desreguladores endócrinos são considerados poluentes orgânicos persistentes (POPs), o que significa que permanecem no meio ambiente por longos períodos de tempo. Os desreguladores endócrinos sintéticos supõem um perigo muito maior que os compostos naturais, pois eles persistem no corpo durante anos submetendo humanos e animais a uma contaminação de baixo nível, mas de longa duração. Um feto exposto a um desrelugador endócrino, pode apresentar doenças só mais tarde, na infância ou na fase adulta.  Sabe-se também que os desreguladores endócrinos não afetam somente as pessoas expostas, mas também seus descendentes.

Contaminação presente na população – Os desreguladores endócrinos estando presentes no meio ambiente, quase toda a população mundial pode estar impregnada.

Quem pode ser contaminado por desreguladores endócrinos?

A resposta é simples: fetos, crianças, adolescente e adultos.

Mulheres grávidas e bebês recém-nascidos são alvos importantes e correm grande risco de contaminação. Os desreguladores endócrinos sintéticos são capazes de atravessar a placenta e a barreira hematoencefálica e interferir no desenvolvimento do embrião. Esses contaminantes também podem se acumular no tecido adiposo da mãe e serem transferidos ao bebê durante a amamentação. A contaminação durante o período pré-natal pode causar atraso no crescimento intrauterino, mal formação no aparelho reprodutor e sequelas no sistema nervoso central. A contaminação durante a infância pode causar efeitos neurotóxicos, problemas de aprendizado, distúrbios de comportamento e alto índice de alergias respiratórias.

A puberdade é caracterizada por uma importante modificação na produção de hormônios que permitem o desenvolvimento dos atributos sexuais femininos e masculinos. Segundo alguns estudos, a ação dos desreguladores endócrinos nessa fase pode afetar a diferenciação sexual e cerebral.

Adultos contaminados por desreguladores endócrinos apresentam problemas de fertilidade, cânceres hormonais (seios, ovários, próstata), doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, obesidade e distúrbios do sistema imunitário.

Quais são as fontes de exposição aos desreguladores endócrinos?

Os desreguladores endócrinos podem ser encontrados de forma natural, de forma sintética ou ainda em compostos químicos.

Desreguladores endócrinos de fonte natural

São os hormônios sintetizados pelo próprio corpo como por exemplo o estrogênio, a progesterona, a testosterona ou a insulina. Como esses hormônios estão presentes nos animais e nos vegetais sob a forma de fitoestrógenos (como a soja por exemplo), nós consumimos esse desregulador endócrino na nossa alimentação.

Desreguladores endócrinos de fonte sintética

São hormônios sintéticos idênticos aos hormônios naturais. É o caso dos anticoncepcionais hormonais orais, tratamentos hormonais para a menopausa, hormônios utilizados no tratamento de doenças como hipotiroidismo e diabetes.

Desreguladores endócrinos encontrados em compostos químicos

Encontramos esse tipo de desregulador endócrino nas seguintes fontes:

  • Alimentos – Através de pesticidas, herbicidas, fungicidas, hormônios e antibióticos administrados nos animais destinados ao consumo humano.
  • Produtos de consumo no dia a dia – Como por exemplo cosméticos, produtos de limpeza, embalagens, plásticos, solventes, conservantes etc.
  • Resíduos industriais e metais pesados.

Fontes de exposição aos desreguladores endócrinos

DESREGULADORES ENDÓCRINOS E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE SEXUAL

Agora veremos como quase tudo que está a nossa volta pode ser uma fonte de exposição e contaminação por desreguladores endócrinos e afetar a saúde sexual de homens e mulheres.

Agrotóxicos – Também conhecidos como praguicidas, remédios de planta, defensivos agrícolas, agroquímicos, pesticidas e veneno, são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos, larvas, fungos, carrapatos, ratos sob a justificativa de controlar as doenças provocadas por esses vetores. São utilizados nas florestas nativas e plantadas, nos ambientes hídricos, urbanos e industriais e, em larga escala, na agricultura e nas pastagens para a pecuária.

Os agrotóxicos podem ser classificados de acordo com o tipo de praga que controlam e com o grupo químico a que pertencem. São considerados poluentes orgânicos persistentes (POPs), pois permanecem poluindo o meio ambiente por longos períodos de tempo.

  • Inseticidas – Controle de insetos
  • Fungicidas – Combate aos fungos
  • Herbicidas – Combate às plantas invasoras
  • Desfoliantes – Combate às folhas indesejadas
  • Fumigantes – Controle às pragas
  • Rodenticidas/Raticidas –  Combate aos roedores e ratos
  • Moluscocidas – Combate aos moluscos
  • Nematicidas – Combate aos nematóideos 
  • Acaricidas – Combate aos ácaros 

Segundo um documento publicado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), dentre os efeitos sobre a saúde humana associados à exposição aos agrotóxicos, os mais preocupantes são as intoxicações crônicas, caracterizadas por infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade e desregulação hormonal. Além disso, a exposição à agrotóxicos causa efeitos imunotóxicos e genotóxicos levando a maior incidência de câncer.

Agrotôxicos nos alimentos
Agrotôxico nos alimnetos – ANVISA

Dioxina- A dioxina é uma substância química liberada como subproduto industrial. As dioxinas são produzidas pela incineração (lixo químico, hospitalar e PVC), durante a fabricação de produtos químicos clorados, (especialmente o PVC), em outros processos que utilizam cloro, tais como o branqueamento do papel, na produção de certos herbicidas e pesticidas, na produção do ferro e do aço, na produção de eletricidade, na fumaça do cigarro e também nas erupções vulcânicas e incêndios florestais.

As dioxinas, consideradas poluentes orgânicos persistente (POPs), podem permanecer no ambiente durante milhares de anos e podem ser transportados por todo o planeta por via aérea ou aquática. Uma vez no organismo (do homem ou de animais), dissolvem-se em gordura e, como o corpo as elimina muito lentamente, acumulam-se na cadeia alimentar. Como consequência, quanto mais a gente sobe na cadeia alimentar, mais as concentrações de dioxinas aumentam. Os homens, predadores superiores, podem ter concentrações muito elevadas destas substâncias. Observa-se uma concentração muito elevada de dioxinas em certos alimentos principalmente nos lacticínios, carne, peixe e crustáceos. Na verdade, a alimentação constitui a principal fonte de contaminação, principalmente em carnes gordurosas.

As dioxinas também são transferidas de mãe para filho, através da placenta e pelo leite materno.

As dioxinas afetam o sistema imunológico, +o sistema reprodutivo (diminuição da quantidade de esperma), o sistema hormonal (diminuição da relação testosterona/hormônio gonadotrófico, aumento significativo dos hormônios LH e FSH, modificação da razão sexual – excesso de mulheres), o crescimento e  o sistema cardiovascular e causam problemas de saúde como diabetes, doenças de pele, entre outros. A exposição crônica às dioxinas pode causar vários tipos de câncer (fígado, vesícula, cólon, leucemia e sarcomas).

Dioxinas ameaça

Bifenilos policlorados (PCBs) – São compostos sintéticos, de uso industrial, tóxicos, não biodegradáveis e lipofílicos (pode ser dissolvido em gorduras). Esses compostos foram utilizados por várias décadas como fluídos de troca térmica em trocadores de calor, lubrificantes em equipamentos hidráulicos e principalmente como óleos dielétricos em transformadores e capacitores elétricos. Com menos intensidade estiveram presentes na formulação de adesivos, tintas, pesticidas, corantes e graxas. No Brasil, apesar da proibição de fabricação, comercialização e uso de PCBs desde 1981, permanecem em funcionamento os equipamentos já instalados até a sua substituição integral ou troca do fluído dielétrico por produto isento de PCBs.

Os PCBs são classificados como poluentes orgânicos persistentes (POPs), e se acumulam e poluem o meio ambiente, influenciando todos os organismos da cadeia alimentar. A principal forma de contaminação humana é a ingestão de alimentos contaminados, principalmente alimentos de origem animal. Dentre esses, os pescados constituem-se no principal meio de veiculação de congêneres de PCBs até o organismo humano.

Estudos demonstram que a exposição in utero ao PCB altera a qualidade do esperma no homem, diminui a possibilidade de gravidez, aumenta o risco de câncer de mama em mulheres e homens e pode alterar o funcionamento da tireoide.

PCBs nos peixes
O consumo de peixes constitui um dos principais meios de contaminação por PCBs

Bisfenol A (BPA) – É uma substância química utilizada na produção de plásticos (torna o plástico mais flexível, maleável) e de epóxi (tipo de resina). É utilizado para produzir objetos que entram em contato com os alimentos como por exemplo, garrafas d’água, mamadeiras, recipientes que vão ao micro-ondas, talheres descartáveis, vários tipos de embalagens de alimentos e vários outros itens plásticos como computadores, eletrodomésticos etc. O epóxi é muito utilizado como revestimento protetor e é muito presente nos enlatados e nas tampas de metal de potes e garrafas de vidro como por exemplo as papinhas de bebê. Pequenas quantidades de bisfenol A também são usadas como componentes no PVC maleável e como preparador de cor em papéis térmicos (extratos bancários e comprovantes).

No Brasil, o uso do BPA é proibido na fabricação de mamadeiras. Por causa das restrições do uso de BPA em diversos materiais, as empresas desenvolveram substitutos para o PBA: o bisfenol S (BPS) e o bisfenol F (BPF).

Essas substâncias, consideradas poluentes orgânicos persistentes (POPs), são tão tóxicas e perigosas para a saúde quanto o BPA. O BPS está presente nos produtos de limpeza industrial, solvente de galvanoplastia e melhorador de cor de recibos de papel (os extratos bancários e comprovantes que usamos todos os dias). O BPF é mais presente em revestimentos epóxi, pisos industriais, lâminas, adesivos, plásticos, canos de água, selantes dentários e embalagens de alimento.

Esses contaminantes fazem parte do nosso cotidiano pois estão presentes em diversos produtos os quais usamos no dia a dia como pastas de dente, produtos para cabelo, maquiagens, loções, bilhetes, passagens, envelopes, carnes, processados de carne, produtos enlatados, vegetais, cereais, ração de gato e cachorro, fórmulas para bebês e estão presentes até na poeira doméstica.

A pessoa contaminada por esses produtos (mesmo em doses baixas) pode apresentar vários problemas de saúde:

BPA – Doenças afetando a saúde sexual como precocidade sexual, diminuição da qualidade e quantidade de esperma em adultos, infertilidade, modificações do desenvolvimento de órgãos sexuais internos, aumento do volume da próstata, anomalias (criptorquidia, hipospádia e diminuição da distância anogenital), tumores do trato reprodutivo, câncer de mama e de próstata, endometriose, fibromas uterinos, gestação ectópica (fora da cavidade uterina), síndrome dos ovários policísticos e aborto e vários outros tipos de doenças como por exemplo déficit de atenção, de memória visual e motora, diabetes, hiperatividade, obesidade e doenças cardíacas.

BPF – Aumento do tamanho do útero e do peso de testículos e glândulas, entre outros efeitos fisiológicos/bioquímicos.

BPS – Aumento significativo do potencial de causar câncer, efeitos negativos nos testículos de mamíferos, na glândula pituitária, na reprodução de fêmeas mamíferas e dos peixes.

BFAs
Diferentes fontes de contaminação por Bisfenol A (BPA)

Ftalatos – Aparecem nas embalagens com os nomes butila, dibutila, benzila, diciclohexila, dietila, disodecila, di-2etlexila e dioctila. Os ftalatos são agentes plasticizantes em plásticos derivados de PVC, garantindo assim plásticos mais moles e flexíveis. Estão presentes em vários produtos como materiais de construção, acabamentos interiores de habitações, tecidos, materiais de limpeza, tintas, produtos elétricos e eletrônicos, lubrificantes, graxas, adesivos equipamentos medicais (bolsas de sangue e bolsa com o soro), aparelhos dentários, brinquedos de criança, cosméticos, suplementos alimentares, produtos farmacêuticos, sacos de plástico, embalagens alimentares, inseticidas etc.

As principais fontes de contaminação pelos ftalatos são a inalação (ex.: poeira, materiais de construção à base de PVC, dispositivos médicos – respiração assistida por exemplo); ingestão (ex.: embalagens alimentares (especialmente no caso de alimentos gordurosos, como carne, peixe e leite), água, brinquedos macios e flexíveis (mordedores para os dentes por exemplo), materiais cirúrgicos; via sanguínea (ex.: sacos e tubos à base de PVC nos dialisados e transfusões); peles e olhos também são expostos aos contaminantes através de produtos de higiene corporal e cosméticos.

A contaminação pelos ftalatos pode causar diversas doenças que afetam diretamente a saúde sexual.

Nos homens pode causar principalmente infertilidade, diminuição da produção de esperma, malformações do trato reprodutor, hipospádias e tumores testiculares, atrofia testicular, atrofia da próstata, assim como a redução dos níveis de testosterona, diminuição da distância anogenital, câncer de mama e câncer dos testículos.

Nas mulheres, a exposição aos ftalatos pode provocar endometriose, aumento da mortalidade intrauterina, desenvolvimento prematuro dos seios e aumento dos riscos de desenvolver câncer de mama.

Ftalatos em equipamentos médicos
Ftalatos estão presentes em equipamentos médicos

Perfluorados (PFCs) – São compostos químicos, utilizados para fabricar artigos com características impermeabilizantes e antiaderentes fazendo com que a superfície onde o PFC seja aplicado se torne resistente a água, óleo e manchas. São encontrados em papéis e embalagens de alimentos (embalagens de pipoca por exemplo), tecidos e tapetes (para ficarem impermeáveis a líquidos e resistente à manchas), roupas, cremes para o corpo, fios e fitas dentais, equipamentos medicais e esportivos, produtos de beleza, alguns tipos de cera para piso e outros produtos do dia a dia, A panela de teflon é um exemplo típico de produto utilizando o PFC.

Existem mais de 600 compostos de perfluorados, mas 2 deles são os principais: o ácido perfluoroctanóico (PFOA) e o ácido perfluorooctanossulfônico (PFOS). Esses compostos podem persisitir por milhares de anos no meio ambiente, o que significa que muitas gerações futuras continuarão expostas a elas.

A exposição a essas substâncias ocorre através de alimentos (embalados ou cozidos em materiais que contenham PFCs), da água contaminada e até mesmo pelo ar.

A contaminação por PFCs pode afetar a saúde sexual pois causa câncer na próstata, diminuição da qualidade do esperma e infertilidade e a saúde geral pois pode provocar diminuição do tamanho e peso de bebês recém-nascidos, intoxicação do fígado e do sistema imunológico, desregulação hormonal, principalmente da tireoide, além de serem substâncias cancerígenas.

Perfluorados
A panela de teflon é um exemplo típico de produto utilizando o PFC.

Parabenos – São compostos químicos utilizados como conservante nos cosméticos (maquiagens esmaltes, hidratantes, óleos e loções infantis, perfumes, xampus, desodorantes, sabonetes, creme de barbear e loção pós barba, tintas de cabelo, tinta para tatuagens), nos alimentos (ovas de peixe, presunto, geleias e sucos de fruta) e em alguns produtos farmacêuticos (descongestionantes nasais, colírios, xaropes, e supositórios) afim de evitar a proliferação de bactérias.

O parabeno possui uma atividade estrogênica (crescimento de células cancerígenas sensíveis ao estrogênio) podendo estar associado ao aparecimento de câncer de mama. A contaminação por parabeno também pode estar associada à infertilidade nos homens.

Parabeno na maquiagem
Parabenos estão presentes nos cosméticos, como na maquiagem por exemplo.

Resumindo…

TODOS os poluentes encontrados no meio ambiente, nos alimentos e em objetos que utilizamos no dia a dia, provocam um impacto na saúde sexual de homens e mulheres.

Veja no quadro abaixo, os problemas sexuais mais comuns causados pela contaminação por desreguladores endócrinos.

Impacto desreguladores endócrinos na sexualidade

As substâncias citadas nesse artigo são apenas alguns exemplos de desreguladores endócrinos que afetam a nossa saúde constantemente.

Evidentemente, existem outros produtos contaminantes (chumbo, tolueno, metilmercúrio, éteres de difenila polibromados, percloroetileno, fluoreto, arsênico, manganês etc. ) que fazem parte do nosso cotidiano pois estão presente no meio ambiente (ar, água, solo), nos alimentos,  nos objetos (cosméticos, medicamentos, utensílios para a casa, equipamentos médicos, roupas, etc.) e também em diversos outros produtos que consumimos. A lista é enorme!

Todos esses produtos podem causar direta ou indiretamente efeitos nocivos na saúde geral e na saúde sexual de homens e mulheres. Alguns podem mesmo afetar os bebês ainda quando estão sendo gerados e provocar problemas sérios de saúde mais tarde na vida dessas pessoas.

O que pode ser feito para evitar a contaminação por essas substâncias?

É claro que não podemos eliminar todos os agentes tóxicos de nosso dia a dia. Mas, podemos adotar algumas práticas que podem diminuir a exposição à contaminação.

Leia abaixo algumas dicas relativamente simples que você pode adotar para diminuir a exposição a diversos desreguladores endócrinos.

Evite o fumo (ativo ou passivo). Muitas substâncias químicas estão presentes no cigarro e na sua fumaça.

Evite o consumo de álcool. A maior parte das frutas utilizadas na produção de bebidas alcoólicas foram tratadas com pesticidas.

Evite o uso de medicamentos sem prescrição médica.

Coma comida orgânica, lave bem o seu alimento (sendo orgânico ou não, algumas pessoas lavam com água e sal, outras com água e vinagre), evite comer a casca de alimentos, cultive o que puder na sua casa e beba sempre água filtrada. Essas dicas podem ajudar a evitar a ingestão de alimentos com pesticidas e dioxinas.

Quando for comprar certos produtos de papel (filtros de café, toalhas de papel e absorventes internos), dê preferência aos produtos feito de papel branqueado naturalmente ou não branqueado. Ao esquentar alimentos no micro-ondas, use recipientes de cerâmica e vidro. Evite usar qualquer tipo de plástico, inclusive o filme plástico no micro-ondas e no freezer. Essa prática pode ajudar a diminuir a contaminação por dioxinas.

Por falar em plásticos, sempre que puder, prefira utensílios de vidro, porcelana e aço inoxidável.  Evite o consumo de alimentos e bebidas enlatadas (o revestimento interno das latas contém bisfenol).  Não utilize detergentes fortes, esponjas de aço ou máquina de lavar louça para lavar recipientes de plásticos. Não imprima extratos e comprovantes. Dê preferência às versões digitais, como a comprovação do débito por SMS, por exemplo. Práticas simples que podem diminuir a contaminação pelo bisfenol A (BPA) e seus substitutos e os Ftalatos.

Prefira o consumo de peixes grelhados e, se possível, no preparo retirar a pele e a gordura visível. Evite comer peixes grandes. Quanto maior o peixe, mais no topo da cadeia alimentar ele se encontra e, portanto, está mais contaminado. Nos peixes existe uma grande concentração de certas substâncias tóxicas como os Bifenilos policlorados (PCBs) e o metilmercúrio por exemplo.

Prefira embalagens de papel ao isopor ou ao plástico, mas não se esqueça: embalagens de alimentos como caixas de pizza, sacos de pipoca de micro-ondas e embrulhos de sanduíches e de doces também podem conter Perfluorados (PFCs). Fique atento aos produtos impermeabilizantes e resistentes a óleo e manchas: certifique-se que eles não contêm compostos fluorados como o PFOA e o PFOS, além de seus derivados como o PFNA e o BFBS em sua composição.

Faça produtos de beleza em casa – Existem vários sites que ensinam como fazer receitas caseiras 100% naturais de produtos como desodorante, removedor de maquiagem, perfumes, xampu, cremes hidratantes para a pele e o cabelo e por aí vai.  Seus produtos caseiros serão livres de parabenos.

Dicas para evitar a contaminação por desreguladores endócrinos

Como você percebeu, os desreguladores endócrinos estão presentes em quase tudo a nossa volta. Esses desreguladores afetam a saúde humana (e dos animais) interferindo no sistema endócrino, genético e imunológico.

Mesmo quando expostos a doses pequenas, fetos e crianças podem desenvolver problemas de saúde mais tarde, ao longo da vida. Entre esses problemas, homens e mulheres desenvolvem vários problemas sexuais.

Por isso é importante ficar atento(a) a todas as possibilidades de contaminação e fazer tudo o que for possível para diminuir a exposição a esses produtos contaminantes no dia a dia.

Esperamos que esse artigo tenha contribuído com algumas noções básicas sobre como os desreguladores endócrinos podem afetar a saúde sexual de homens e mulheres.

Se você tiver alguma dúvida sobre esse assunto, entre em contato com o Portal.

Se você acha que esse artigo pode ajudar alguém que você conheça, não hesite em compartilhá-lo!

Até a próxima!

 

 

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